Por Andreia de Sousa, Cenira Tavares e Rui Neves
«O reitor já me chama presidente vitalício», diz o presidente da actual direcção da Associação Académica da UnI (AAUnI), que já vai com nove anos de mandato. Hermínio Brioso, 41 anos, licenciado em Direito, actualmente aluno do Mestrado de Ciências Jurídico-Comunitárias e assistente de algumas cadeiras na UnI, vê o seu sonho alcançado e diz que já há muitos anos se sente com vontade de abandonar a Associação, mas que só não o faz para não deixar morrer o projecto. Queixa-se de há anos não haver novos candidatos a presidente, assim como novos colaboradores. Talvez porque a maior parte dos alunos da UnI são trabalhadores-estudantes, e como tal não têm tempo para participar nas actividades culturais e desportivas das quais a Associação é promotora.
O objectivo do presidente quando começou, em 1998, «era termos Associação». Quando chegou à universidade já existia o prédio da AAUnI, mas «com péssimas condições», e «estava sempre fechado». A própria UnI não era o que é hoje. Não tinha condições mínimas em relação às outras universidades. O trabalho inicial foi pressionar a Reitoria a fazer as devidas remodelações, tendo-se realizado «grandes investimentos».
Depois de legalizada, a AAUnI candidatou-se a subsídios para o desenvolvimento de projectos. Actualmente, 20 a 30% dos recursos humanos e financeiros são para questões burocráticas. As associações sem fins lucrativos são encaradas como empresas: perde-se tempo e dinheiro só com questões processuais, impedindo a organização de poder desenvolver mais actividades.
Todas as estruturas (núcleos) da AAUnI têm de informar quais as verbas de que necessitam, e isso depois é negociado de acordo com as receitas previstas, para ser elaborado o Plano de Actividades e o Orçamento. A associação só presta declarações aos seus patrocinadores, aos membros da Assembleia Geral e às finanças.
Não há salários na AAUnI, só prestação de serviços para os colaboradores no âmbito do «Plano Brioso», que consiste num programa de voluntariado onde são admitidos até dez alunos com dificuldades económicas, que podem participar em qualquer actividade da UnI ou da AAUnI, fazendo 100 horas mensais ou cinco horas semanais e ficando com a propina mensal paga.
Para se obter acesso a um financiamento, é apresentado ao Instituto Português da Juventude um formulário específico para cada actividade: desporto, Canal Académico Independente (televisão interna da AAUnI) ou um programa de intercâmbio com estudantes romenos. Com a Junta de Freguesia de Marvila existem situações pontuais: é pedido apoio monetário para determinada actividade em troca de algo que possa interessar à autarquia. São feitos inquéritos à população e desenvolvidos projectos de interesse social na comunidade envolvente, como a série de colóquios «Diálogos sem Tabus» ou um programa de intercâmbio com todas as escolas secundárias da freguesia e que conta com o apoio de associações como a Abraço e os Alcoólicos Anónimos, com as quais existem protocolos. Uma das contrapartidas consiste em os finalistas obterem estágios profissionais nestas instituições. Ainda prevista no protocolo com a Junta, está a oferta pela AAUnI à população de duas bolsas de estudo, equivalentes a 50% do valor da inscrição para as acções de formação que nela decorrem. Os novos projectos da AAUnI, passam pelo Canal Académico Independente, lançado há pouco tempo, onde foi feito um investimento em plasmas e máquinas de filmar, e que neste momento está paralisado, devido à perda de entusiasmo por parte dos colegas que nele participavam. Isto talvez devido ao facto de o processo de Bolonha estar a exigir mais dos alunos e todos os tempos livres serem dedicados à realização de trabalhos para as cadeiras.
Outro projecto a realizar é o «Campo de Férias – Universidade de Verão», estando em curso um diálogo entre a AAUnI e a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo no sentido de se obter um terreno para nele se desenvolverem algumas actividades práticas, no seguimento das teóricas realizadas na UnI. Depois, figura a publicação das teses dos nossos colegas finalistas, que levam o nome da UnI para o exterior. Ainda no âmbito dos projectos, a AAUnI continua a proporcionar diversas viagens aos alunos interessados (desde que sejam associados).
O lucro obtido em algumas das actividades serve para financiá-las parcialmente. Também se fazem protocolos com empresas ligadas ao turismo; estas, em contrapartida, obtêm mais clientes e mais rendibilidade.
Será que Hermínio vai continuar à frente dos destinos da AAUnI por mais dois anos? Estão previstas eleições em Maio. Será que os alunos da UnI estão interessados e motivados em participar na vida académica da universidade?
Estaremos todos cá para ver.
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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
Um caso por esclarecer
SUSPEITAS DE FRAUDE NA UNI
Por Madalena Branco, Raquel Santos e Sílvia Alexandre
Um mistério paira sobre a UnI desde Novembro passado, quando Frederico Arouca, membro da Direcção da SIDES, SA (entidade instituidora da universidade) anunciou a todos os docentes por e-mail o afastamento do cargo que ocupava, após, segundo explicou, a sua assinatura ter sido utilizada para desvios de dinheiro da universidade.
Numa carta intitulada «Deixei de acreditar...», Arouca, que é professor da cadeira de Introdução ao Marketing, revela: «Infelizmente, a minha assinatura foi fotocopiada e aplicada em ordens de transferência bancária e um volume significativo de capital saiu da Universidade sem o meu conhecimento e qualquer justificação.» E a seguir sugere que o assunto está entregue às autoridades judiciais: «Tomei as medidas para impedir a continuação desta situação, mas todos vós conhecem a celeridade do nosso Ministério Publico.»
Contactado por nós no sentido de esclarecer as suas palavras, o professor, que é filho do reitor, Luís Arouca (circunstância que aliás menciona na carta), não quis prestar declarações sobre o assunto, alegando: «Um blogue não é o meio mais apropriado para se expor a situação, correndo o risco de se denegrir a imagem da universidade.»
Em substituição de Arouca, foi eleita pelos conselheiros (Miguel Verde, Joaquim Mota Veiga e Marcelino Matos) Conceição Cardoso, que, segundo o vice-reitor, Rui Verde, em carta dirigida por e-mail ao corpo docente poucas horas depois da do professor demissionário «é um magnífico quadro que dará continuidade ao trabalho que estamos a desenvolver».
Na mesma mensagem, em resposta às declarações de Arouca, Verde garantia que «não há qualquer razão para alarmes» e que a UnI atravessa uma fase favorável, tendo aumentado o número de alunos e de receitas. O vice-reitor não adiantou nesse e-mail qualquer esclarecimento quanto às questões levantadas por Arouca, dizendo apenas que «serão averiguadas e discutidas nos locais próprios». Mas, contactado mais tarde por nós, revelou que no momento em que enviou o e-mail ocorria uma «forte discordância» entre ele e «os accionistas Aroucas», existindo uma troca de acusações que acredita «que será resolvida pelas instâncias próprias». Verde garante ainda que «o impacto [do e-mail de Arouca] foi nulo, tanto para professores como para alunos, e não irá prejudicar o evoluir favorável da universidade.» Adianta que considera «esta situação praticamente ultrapassada».
Já no anterior ano lectivo, segundo a TSF noticiou na altura, a universidade sofreu uma situação semelhante, quando o membro da Direcção Amadeu Lima de Carvalho acusou o reitor de «fraude e desvios de dinheiro». Na mesma ocasião, Luís Arouca limitou-se a afirmar à estação de rádio estar de «consciência tranquila» e que esses «assuntos se resolvem nas instâncias próprias». [Ler entrevista de Luís Arouca neste blogue]
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Por Madalena Branco, Raquel Santos e Sílvia Alexandre
Um mistério paira sobre a UnI desde Novembro passado, quando Frederico Arouca, membro da Direcção da SIDES, SA (entidade instituidora da universidade) anunciou a todos os docentes por e-mail o afastamento do cargo que ocupava, após, segundo explicou, a sua assinatura ter sido utilizada para desvios de dinheiro da universidade.
Numa carta intitulada «Deixei de acreditar...», Arouca, que é professor da cadeira de Introdução ao Marketing, revela: «Infelizmente, a minha assinatura foi fotocopiada e aplicada em ordens de transferência bancária e um volume significativo de capital saiu da Universidade sem o meu conhecimento e qualquer justificação.» E a seguir sugere que o assunto está entregue às autoridades judiciais: «Tomei as medidas para impedir a continuação desta situação, mas todos vós conhecem a celeridade do nosso Ministério Publico.»
Contactado por nós no sentido de esclarecer as suas palavras, o professor, que é filho do reitor, Luís Arouca (circunstância que aliás menciona na carta), não quis prestar declarações sobre o assunto, alegando: «Um blogue não é o meio mais apropriado para se expor a situação, correndo o risco de se denegrir a imagem da universidade.»
Em substituição de Arouca, foi eleita pelos conselheiros (Miguel Verde, Joaquim Mota Veiga e Marcelino Matos) Conceição Cardoso, que, segundo o vice-reitor, Rui Verde, em carta dirigida por e-mail ao corpo docente poucas horas depois da do professor demissionário «é um magnífico quadro que dará continuidade ao trabalho que estamos a desenvolver».
Na mesma mensagem, em resposta às declarações de Arouca, Verde garantia que «não há qualquer razão para alarmes» e que a UnI atravessa uma fase favorável, tendo aumentado o número de alunos e de receitas. O vice-reitor não adiantou nesse e-mail qualquer esclarecimento quanto às questões levantadas por Arouca, dizendo apenas que «serão averiguadas e discutidas nos locais próprios». Mas, contactado mais tarde por nós, revelou que no momento em que enviou o e-mail ocorria uma «forte discordância» entre ele e «os accionistas Aroucas», existindo uma troca de acusações que acredita «que será resolvida pelas instâncias próprias». Verde garante ainda que «o impacto [do e-mail de Arouca] foi nulo, tanto para professores como para alunos, e não irá prejudicar o evoluir favorável da universidade.» Adianta que considera «esta situação praticamente ultrapassada».
Já no anterior ano lectivo, segundo a TSF noticiou na altura, a universidade sofreu uma situação semelhante, quando o membro da Direcção Amadeu Lima de Carvalho acusou o reitor de «fraude e desvios de dinheiro». Na mesma ocasião, Luís Arouca limitou-se a afirmar à estação de rádio estar de «consciência tranquila» e que esses «assuntos se resolvem nas instâncias próprias». [Ler entrevista de Luís Arouca neste blogue]
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quinta-feira, 25 de janeiro de 2007
Entrevista ao Reitor
«HÁ IRREGULARIDADES GRAVÍSSIMAS NA SIDES»
Por Joana Leal e Sara Graveto
Luís Arouca, um dos fundadores do ensino superior privado português, fala-nos do projecto da UnI, atacando violentamente a gestão da SIDES.
Pergunta: Em Dezembro, o prof. Frederico Arouca afirmou ao corpo docente da UnI, via e-mail, que foram feitas em seu nome transferências financeiras não autorizadas. E continuou:”Deixei de acreditar” [ver artigo neste blogue]. Como vê estas declarações? Sente que o seu sonho acabou?
Resposta: A responsabilidade dessas afirmações pertence ao prof. Frederico Arouca. Mas secundo das suas afirmações. O que está profundamente em causa é a gestão da nossa entidade instituidora (e por isso responsável pela gestão da Uni) – a SIDES. A UnI, do meu projecto, não tem nada. Esta série de irregularidades gravíssimas [praticadas pela SIDES] acaba por afectar a UnI. Embora as minhas funções sejam apenas referentes à parte pedagógica da UnI, não deixo de me sentir fortemente afectado pela instabilidade criada pela gestão da SIDES. O rumo da gestão é muito discutível. A solução é pôr nos eixos a SIDES.
P.: Considera que as declarações do prof. Frederico Arouca resultam de uma má gestão da UnI? Como encara o futuro da UnI de ora em diante? Quais são as expectativas?
R.: Acho que as declarações do prof. Frederico Arouca têm, seguramente, e pelo que conheço, uma base de muito realismo e muita verdade. Aquilo que o prof. Frederico questiona, fortemente, são os critérios e a orientação que a direcção da SIDES tem vindo a tomar na gestão da Uni.
P.: A UnI comemora agora o seu 13º aniversário. Que balanço faz?
R.: É um balanço positivo. Embora reconheça também que ficou muito aquém do que gostaria que fosse. E a razão disto é que a SIDES tem perspectivas comerciais, que muitas vezes chocam profundamente com a Universidade.
P.: Foi isso que aconteceu na UnI?
R.: Aconteceu e acontece, mas não só na UnI. O cenário é um pouco semelhante em todo o ensino privado português. Na UnI, a entidade instituidora é a SIDES, a qual mantém perspectivas comerciais. Ora, uma perspectiva comercial dificilmente é conciliável com uma perspectiva científica. O que acaba por interferir nos assuntos pedagógicos e científicos da Universidade, resultando num bloqueamento grande da UnI. Embora não procure intervir demasiado, no fundo acaba por condicionar. E isto porque na realidade a atribuição de verbas pertence-lhe.
P.: O que falhou na parceria com o IPAM [ver artigo neste blogue]?
R.: A realização de fusões deve-se ao facto de a UnI, tal como outras instituições privadas, ser gerida por uma entidade instituidora – a SIDES. Quando existem problemas económicos, há duas formas de tentar ultrapassá-los – a criação de sinergias ou uma injecção financeira. A UnI optou por uma ligação a outra instituição, numa primeira fase com o IPAM. A ligação com o IPAM foi feita a pensar numa criação de sinergias. O IPAM era um instituto com prestígio, embora que com uma linha um pouco diferente da UnI, visto que era uma instituição de nível politécnico. O objectivo da fusão era uma sinergia académica, porém acabou por resultar numa sinergia económica. Houve um grande choque de interesses. A sinergia económica impôs-se à sinergia académica. Acabando, assim, por não resultar em parceria.
P.: Depois, voltaram a tentar outra parceria, desta vez com os angolanos...
R.: Tentou-se a fusão com a UnI de Angola, o que acabou também por não resultar. Todavia, nesta fusão as dificuldades de natureza económica acentuaram-se mais, face à parceria com o IPAM. E foram essas dificuldades que bloquearam o sucesso da parceria.
P.: Dado que esteve na génese da criação de três universidades privadas portuguesas, que análise faz do seu contributo para o surgimento/ desenvolvimento do ensino privado em Portugal?
R.: Trouxe flexibilidade ao ensino universitário. O ensino privado apareceu em Portugal num período muito conturbado da nossa história, a seguir ao 25 de Abril. Era preciso relançar a universidade como hipótese alternativa. E foi precisamente essa necessidade que levou à criação da Universidade Livre. Porém, as divergências internas não tardaram…Houve logo uma clivagem de natureza ideológica. Uma ala, mais conservadora, criou a Universidade Lusíada, enquanto que uma outra ala, mais liberal, criou a Universidade Autónoma [de Lisboa]. Essa ala mais liberal, liderada por mim e pelo prof. dr. Manuel Damásio, via a universidade como um dos pólos dinamizadores da transformação da sociedade portuguesa. A todos os níveis.
P.: Actualmente, o ensino superior português está a atravessar um processo de transformação. Segundo a UE, as universidades portuguesas têm que implantar o Processo de Bolonha até 2010. Na UnI, quais foram as principais alterações para implantar Bolonha?
R.: O que fizemos não foi muito diferente do que fizeram as outras universidades. Tentámos com a rapidez necessária, mas também com a rapidez exigida, implantar um novo processo. O Bolonha afectou também os alunos que se encontravam na fase final dos cursos, fazendo com que a sua licenciatura fosse reconhecida no espaço europeu.
P.: E que implicações terá este modelo de ensino na sociedade portuguesa?
R.: No antigo modelo, o aluno tinha dificuldades em afirmar-se. Era um modelo no qual o mestre é que sabia, o que fazia com que o aluno não se sentisse motivado. O Bolonha vem pôr cobro a isto. Apesar de estar a ser implantado em Portugal só agora, a verdade é que há muito que os países anglo-saxónicos o praticam. Todo o mundo evoluído percebeu que a educação é o fruto do desenvolvimento. Os ingleses criaram o Bolonha. No qual há uma parte primária e uma parte secundária. Uma parte generalista e uma parte em que aprendemos a pensar. E nessa parte, em que inovamos e desenvolvemos novas técnicas, contribuímos para o desenvolvimento da sociedade portuguesa.
P.: No seu ponto de vista, e tendo em conta que se formou pelo anterior modelo de ensino, o que têm os jovens portugueses a ganhar com Bolonha?
R.: A formação universitária do meu tempo não era em nada semelhante à de hoje. Tínhamos aulas todos os dias. Das 8h00 da manhã às 18h00 da tarde. Tentava-se não misturar a componente prática do ensino com a teórica. Para além disso, estudei muito mais lá fora do que em Portugal. Não sou, portanto, um produto do nosso antigo sistema de ensino. Defendo, por isso, Bolonha. Bolonha é na realidade um paradigma completamente diferente do paradigma que se vive em Portugal e nos países subdesenvolvidos da Europa. Bolonha é realmente o caminho! Sem a mais pequena dúvida. Não só para o mercado de trabalho interno, mas sobretudo para um mercado de trabalho globalizado.
P.: Continuará a exercer as funções de reitor?
R.: Não sou eu quem decide se continuo ou não a exercer as funções de reitor. O que não quer dizer que não possa vir a ser reeleito... Porém, coloca-se o problema da idade. Ninguém é eterno.
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Por Joana Leal e Sara Graveto
Luís Arouca, um dos fundadores do ensino superior privado português, fala-nos do projecto da UnI, atacando violentamente a gestão da SIDES.
Pergunta: Em Dezembro, o prof. Frederico Arouca afirmou ao corpo docente da UnI, via e-mail, que foram feitas em seu nome transferências financeiras não autorizadas. E continuou:”Deixei de acreditar” [ver artigo neste blogue]. Como vê estas declarações? Sente que o seu sonho acabou?
Resposta: A responsabilidade dessas afirmações pertence ao prof. Frederico Arouca. Mas secundo das suas afirmações. O que está profundamente em causa é a gestão da nossa entidade instituidora (e por isso responsável pela gestão da Uni) – a SIDES. A UnI, do meu projecto, não tem nada. Esta série de irregularidades gravíssimas [praticadas pela SIDES] acaba por afectar a UnI. Embora as minhas funções sejam apenas referentes à parte pedagógica da UnI, não deixo de me sentir fortemente afectado pela instabilidade criada pela gestão da SIDES. O rumo da gestão é muito discutível. A solução é pôr nos eixos a SIDES.
P.: Considera que as declarações do prof. Frederico Arouca resultam de uma má gestão da UnI? Como encara o futuro da UnI de ora em diante? Quais são as expectativas?
R.: Acho que as declarações do prof. Frederico Arouca têm, seguramente, e pelo que conheço, uma base de muito realismo e muita verdade. Aquilo que o prof. Frederico questiona, fortemente, são os critérios e a orientação que a direcção da SIDES tem vindo a tomar na gestão da Uni.
P.: A UnI comemora agora o seu 13º aniversário. Que balanço faz?
R.: É um balanço positivo. Embora reconheça também que ficou muito aquém do que gostaria que fosse. E a razão disto é que a SIDES tem perspectivas comerciais, que muitas vezes chocam profundamente com a Universidade.
P.: Foi isso que aconteceu na UnI?
R.: Aconteceu e acontece, mas não só na UnI. O cenário é um pouco semelhante em todo o ensino privado português. Na UnI, a entidade instituidora é a SIDES, a qual mantém perspectivas comerciais. Ora, uma perspectiva comercial dificilmente é conciliável com uma perspectiva científica. O que acaba por interferir nos assuntos pedagógicos e científicos da Universidade, resultando num bloqueamento grande da UnI. Embora não procure intervir demasiado, no fundo acaba por condicionar. E isto porque na realidade a atribuição de verbas pertence-lhe.
P.: O que falhou na parceria com o IPAM [ver artigo neste blogue]?
R.: A realização de fusões deve-se ao facto de a UnI, tal como outras instituições privadas, ser gerida por uma entidade instituidora – a SIDES. Quando existem problemas económicos, há duas formas de tentar ultrapassá-los – a criação de sinergias ou uma injecção financeira. A UnI optou por uma ligação a outra instituição, numa primeira fase com o IPAM. A ligação com o IPAM foi feita a pensar numa criação de sinergias. O IPAM era um instituto com prestígio, embora que com uma linha um pouco diferente da UnI, visto que era uma instituição de nível politécnico. O objectivo da fusão era uma sinergia académica, porém acabou por resultar numa sinergia económica. Houve um grande choque de interesses. A sinergia económica impôs-se à sinergia académica. Acabando, assim, por não resultar em parceria.
P.: Depois, voltaram a tentar outra parceria, desta vez com os angolanos...
R.: Tentou-se a fusão com a UnI de Angola, o que acabou também por não resultar. Todavia, nesta fusão as dificuldades de natureza económica acentuaram-se mais, face à parceria com o IPAM. E foram essas dificuldades que bloquearam o sucesso da parceria.
P.: Dado que esteve na génese da criação de três universidades privadas portuguesas, que análise faz do seu contributo para o surgimento/ desenvolvimento do ensino privado em Portugal?
R.: Trouxe flexibilidade ao ensino universitário. O ensino privado apareceu em Portugal num período muito conturbado da nossa história, a seguir ao 25 de Abril. Era preciso relançar a universidade como hipótese alternativa. E foi precisamente essa necessidade que levou à criação da Universidade Livre. Porém, as divergências internas não tardaram…Houve logo uma clivagem de natureza ideológica. Uma ala, mais conservadora, criou a Universidade Lusíada, enquanto que uma outra ala, mais liberal, criou a Universidade Autónoma [de Lisboa]. Essa ala mais liberal, liderada por mim e pelo prof. dr. Manuel Damásio, via a universidade como um dos pólos dinamizadores da transformação da sociedade portuguesa. A todos os níveis.
P.: Actualmente, o ensino superior português está a atravessar um processo de transformação. Segundo a UE, as universidades portuguesas têm que implantar o Processo de Bolonha até 2010. Na UnI, quais foram as principais alterações para implantar Bolonha?
R.: O que fizemos não foi muito diferente do que fizeram as outras universidades. Tentámos com a rapidez necessária, mas também com a rapidez exigida, implantar um novo processo. O Bolonha afectou também os alunos que se encontravam na fase final dos cursos, fazendo com que a sua licenciatura fosse reconhecida no espaço europeu.
P.: E que implicações terá este modelo de ensino na sociedade portuguesa?
R.: No antigo modelo, o aluno tinha dificuldades em afirmar-se. Era um modelo no qual o mestre é que sabia, o que fazia com que o aluno não se sentisse motivado. O Bolonha vem pôr cobro a isto. Apesar de estar a ser implantado em Portugal só agora, a verdade é que há muito que os países anglo-saxónicos o praticam. Todo o mundo evoluído percebeu que a educação é o fruto do desenvolvimento. Os ingleses criaram o Bolonha. No qual há uma parte primária e uma parte secundária. Uma parte generalista e uma parte em que aprendemos a pensar. E nessa parte, em que inovamos e desenvolvemos novas técnicas, contribuímos para o desenvolvimento da sociedade portuguesa.
P.: No seu ponto de vista, e tendo em conta que se formou pelo anterior modelo de ensino, o que têm os jovens portugueses a ganhar com Bolonha?
R.: A formação universitária do meu tempo não era em nada semelhante à de hoje. Tínhamos aulas todos os dias. Das 8h00 da manhã às 18h00 da tarde. Tentava-se não misturar a componente prática do ensino com a teórica. Para além disso, estudei muito mais lá fora do que em Portugal. Não sou, portanto, um produto do nosso antigo sistema de ensino. Defendo, por isso, Bolonha. Bolonha é na realidade um paradigma completamente diferente do paradigma que se vive em Portugal e nos países subdesenvolvidos da Europa. Bolonha é realmente o caminho! Sem a mais pequena dúvida. Não só para o mercado de trabalho interno, mas sobretudo para um mercado de trabalho globalizado.
P.: Continuará a exercer as funções de reitor?
R.: Não sou eu quem decide se continuo ou não a exercer as funções de reitor. O que não quer dizer que não possa vir a ser reeleito... Porém, coloca-se o problema da idade. Ninguém é eterno.
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Os desafios de Bolonha
DO «SABER-FAZER» AO «SABER-SABER»
Por Jorge Monteiro
Para dar cumprimento às exigências de Bolonha, condição sine qua non para a homologação dos seus cursos superiores, as universidades procederam a necessárias reestruturações dos seus currículos académicos. Em entrevista por e-mail, a professora Vanda Sousa, directora do curso de Ciências da Comunicação da UnI, explica como actuou esta Universidade.
Pergunta: Em linhas gerais, o que mudou na filosofia «imposta» por Bolonha a nível dos objectivos curriculares exigíveis aos alunos, quer da licenciatura, quer do mestrado?
Resposta: Bolonha impôe-se como um desafio que pretende alcançar a diferença entre o «saber-fazer» e o «saber-saber». Criando uma distinção entre os dois primeiros ciclos do ensino universitário, Bolonha estabelece como meta, para o primeiro, o «saber-fazer». Isto é, pretende-se que as licenciaturas sejam mais fortemente marcadas por uma componente técnica e tecnológica, mais do que por uma componente teórico-especulativa. Assim, o primeiro ciclo aparece dividido em seis semestres, por regra (verificando-se excepções nas licenciaturas que estabelecem ligações a ordens profissionais), que perfazem 180 créditos, os quais devem, tanto quanto possível, corresponder aos interesses e motivações dos discentes. Para isso, Bolonha pressupõe uma grande «construção» dos próprios currículos dos cursos, sendo desejável que o aluno aí tome parte activa. Tome-se, como exemplo, a «escolha» das disciplinas opcionais (30 créditos) e a possibilidade de estas serem realizadas em qualquer faculdade, quer da universidade que se frequenta quer em ligação com esta, a partir de acordos e protocolos, tais como o já existente Projecto Erasmus. Quanto ao segundo ciclo, este pode ser concebido quer como profissionalizante quer como académico. A este segundo ciclo pertence o «saber-saber», que não estará tão presente no primeiro ciclo.
P.: O projecto de Bolonha exige, como habilitação mínima para o corpo docente, o grau de mestrado. Como vai a UnI fazer face a essa condição a nível de professores que, tendo já dado provas da sua competência no passado, não sejam, no entanto, portadores desse grau académico?
R.: Quanto ao projecto Bolonha e à sua relação com os docentes, a meta colocada (2010) é uma eficiente forma de implicar o docente no processo de docência e ainda de discência. Preconizar a formação de mestres e de professores doutores é, sem dúvida, um investimento ao nível do corpus académico. De qualquer forma, Bolonha prevê a participação de especialistas nas diferentes áreas ministradas, o que permite um intercâmbio eficaz e interessante entre o mundo académico e o mundo profissional.
P.: O domínio da língua inglesa constitui um sério problema, para alunos e não só. Contudo o projecto de Bolonha prevê aulas bilingues, até por causa da livre circulação dos alunos no espaço europeu. Que medidas estão a ser implementadas para suprir essa incontornável lacuna?
R.: Quanto ao inglês como segunda língua, que este é um desafio que não demorará muito a confirmar-se, a ultrapassar-se, já que a implementação do inglês e da informática, ao nível do ensino básico, permitirá ultrapassar qualquer dificuldade que se possa antever de momento.
P.: Bolonha veio para ficar. Numa palavra: mudamos para melhor?
R.: Mudamos para melhor, acredito que sim!
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Por Jorge Monteiro
Para dar cumprimento às exigências de Bolonha, condição sine qua non para a homologação dos seus cursos superiores, as universidades procederam a necessárias reestruturações dos seus currículos académicos. Em entrevista por e-mail, a professora Vanda Sousa, directora do curso de Ciências da Comunicação da UnI, explica como actuou esta Universidade.
Pergunta: Em linhas gerais, o que mudou na filosofia «imposta» por Bolonha a nível dos objectivos curriculares exigíveis aos alunos, quer da licenciatura, quer do mestrado?
Resposta: Bolonha impôe-se como um desafio que pretende alcançar a diferença entre o «saber-fazer» e o «saber-saber». Criando uma distinção entre os dois primeiros ciclos do ensino universitário, Bolonha estabelece como meta, para o primeiro, o «saber-fazer». Isto é, pretende-se que as licenciaturas sejam mais fortemente marcadas por uma componente técnica e tecnológica, mais do que por uma componente teórico-especulativa. Assim, o primeiro ciclo aparece dividido em seis semestres, por regra (verificando-se excepções nas licenciaturas que estabelecem ligações a ordens profissionais), que perfazem 180 créditos, os quais devem, tanto quanto possível, corresponder aos interesses e motivações dos discentes. Para isso, Bolonha pressupõe uma grande «construção» dos próprios currículos dos cursos, sendo desejável que o aluno aí tome parte activa. Tome-se, como exemplo, a «escolha» das disciplinas opcionais (30 créditos) e a possibilidade de estas serem realizadas em qualquer faculdade, quer da universidade que se frequenta quer em ligação com esta, a partir de acordos e protocolos, tais como o já existente Projecto Erasmus. Quanto ao segundo ciclo, este pode ser concebido quer como profissionalizante quer como académico. A este segundo ciclo pertence o «saber-saber», que não estará tão presente no primeiro ciclo.
P.: O projecto de Bolonha exige, como habilitação mínima para o corpo docente, o grau de mestrado. Como vai a UnI fazer face a essa condição a nível de professores que, tendo já dado provas da sua competência no passado, não sejam, no entanto, portadores desse grau académico?
R.: Quanto ao projecto Bolonha e à sua relação com os docentes, a meta colocada (2010) é uma eficiente forma de implicar o docente no processo de docência e ainda de discência. Preconizar a formação de mestres e de professores doutores é, sem dúvida, um investimento ao nível do corpus académico. De qualquer forma, Bolonha prevê a participação de especialistas nas diferentes áreas ministradas, o que permite um intercâmbio eficaz e interessante entre o mundo académico e o mundo profissional.
P.: O domínio da língua inglesa constitui um sério problema, para alunos e não só. Contudo o projecto de Bolonha prevê aulas bilingues, até por causa da livre circulação dos alunos no espaço europeu. Que medidas estão a ser implementadas para suprir essa incontornável lacuna?
R.: Quanto ao inglês como segunda língua, que este é um desafio que não demorará muito a confirmar-se, a ultrapassar-se, já que a implementação do inglês e da informática, ao nível do ensino básico, permitirá ultrapassar qualquer dificuldade que se possa antever de momento.
P.: Bolonha veio para ficar. Numa palavra: mudamos para melhor?
R.: Mudamos para melhor, acredito que sim!
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Professores na ordem
Por Cândida Fontes e Ruthilene Silva
Será o actual sistema de controlo de professores, o mais indicado? Um deles não gostou e bateu com a porta.
O jornalista Óscar Mascarenhas, convidado a leccionar na UnI no primeiro semestre do corrente ano lectivo, não gostou do sistema de controlo horário dos professores e resignou do cargo no início das aulas – segundo apurámos da leitura de mensagens de e-mail que enviou aos restantes docentes de Ciências da Comunicação.
Ao inaugurar as suas lições da cadeira de Jornalismo de Investigação (4º ano), em 28 de Setembro passado, Mascarenhas deparou com o novo método de registo de entrada e saída de professores, através do preenchimento de uma folha de sumário, no guichê da secretaria, antes e depois de cada aula. Acto contínuo, enviou uma mensagem por e-mail aos restantes professores: «Dei ontem a minha primeira aula na UnI e estou a considerar se não terá sido a última», começava por anunciar. «Somos horariamente controlados por uma funcionária. Senti-me humilhado (...). Fui CONVIDADO a ser professor naquela escola e exijo ser tratado como CONVIDADO. Não aceito esta forma de controlo e faço tenções de (...) anunciar aos meus alunos que outro professor virá em meu lugar, a não ser que o regime seja alterado. Se os meus queridos colegas quiserem fazer alguma reflexão em conjunto sobre isto, marquem data e hora, mas desde já advirto que estou mais para lá do que para cá. Estou revoltado!» O professor Fernando Cascais, que tem funções de coordenação do curso na área de Jornalismo, respondeu então no mesmo dia a Mascarenhas tentando pôr água na fervura, numa mensagem também enviada aos restantes professores. Cascais reconhecia o problema e preconizava o seu aperfeiçoamento: «Talvez haja formas de melhorar o sistema, com muito menos incómodo para os docentes.» Mas admitia essa necessidade, invocando a existência de «abusos» anteriores por parte do corpo docente: «Quando há abuso (e julgo tê-lo havido, os próprios alunos se terão queixado), o justo tende sempre a pagar pelo pecador. Os docentes têm um contrato que fixa um horário e obedece a um regulamento, e é legítimo que a universidade vele pela sua aplicação, devendo no entanto evitar que a suspeita de incumprimento paire sobre a cabeça de todos.»
Ao mesmo tempo, Cascais escrevia ao professor João Carlos Santos, coordenador da faculdade, exprimindo preocupação com o caso e falando de outros professores insatisfeitos: «Recebi, até agora, três mensagens de outros tantos docentes de disciplinas da vertente Jornalismo indignados com o sistema de registo de sumários e de presenças posto em vigor este ano. Nenhum põe em causa a legitimidade de a Universidade verificar o cumprimento do contrato, mas sentem-se incomodados com a forma de controlo adoptada. Admito que não prossigam a sua função docente.» O professor solicitava ainda que o sistema fosse repensado: «A situação preocupa-me, por isso a levo à sua consideração e ponderação, no sentido de se encontrar um sistema que, salvaguardando os interesses da Uni e dos seus alunos, não gere nos docentes o presente mal-estar.» De qualquer modo, Mascarenhas não se demoveu, e, no dia seguinte, confirmava aos colegas a sua demissão: «É costume dizer-se que, se deixarmos passar 24 horas sobre os acontecimentos, diminui a revolta. Comigo está a acontecer o contrário. Mesmo que a escola modifique o sistema de controlo com um enorme pedido de desculpas e um ramo de flores, não posso deixar de pensar que alguém responsável concebeu este sistema humilhante, o que me leva a deduzir a consideração em que tem os professores.» O professor admitia: «O dinheiro faz-me falta (faz sempre falta!), mas faz-me ainda mais falta a consideração e, em podendo ser, miminhos.» E terminava com um «Viva a Liberdade!»
Se havia outros docentes incomodados, a verdade é que o assunto ficou por aqui: a escola não alterou o sistema e hoje todos os professores parecem terem-se adaptado a ele sem problemas. A revolta da Mascarenhas ficou como acto individual. Contactado telefonicamente para comentar o assunto, o jornalista declinou, alegando estar muito ocupado.
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Será o actual sistema de controlo de professores, o mais indicado? Um deles não gostou e bateu com a porta.
O jornalista Óscar Mascarenhas, convidado a leccionar na UnI no primeiro semestre do corrente ano lectivo, não gostou do sistema de controlo horário dos professores e resignou do cargo no início das aulas – segundo apurámos da leitura de mensagens de e-mail que enviou aos restantes docentes de Ciências da Comunicação.
Ao inaugurar as suas lições da cadeira de Jornalismo de Investigação (4º ano), em 28 de Setembro passado, Mascarenhas deparou com o novo método de registo de entrada e saída de professores, através do preenchimento de uma folha de sumário, no guichê da secretaria, antes e depois de cada aula. Acto contínuo, enviou uma mensagem por e-mail aos restantes professores: «Dei ontem a minha primeira aula na UnI e estou a considerar se não terá sido a última», começava por anunciar. «Somos horariamente controlados por uma funcionária. Senti-me humilhado (...). Fui CONVIDADO a ser professor naquela escola e exijo ser tratado como CONVIDADO. Não aceito esta forma de controlo e faço tenções de (...) anunciar aos meus alunos que outro professor virá em meu lugar, a não ser que o regime seja alterado. Se os meus queridos colegas quiserem fazer alguma reflexão em conjunto sobre isto, marquem data e hora, mas desde já advirto que estou mais para lá do que para cá. Estou revoltado!» O professor Fernando Cascais, que tem funções de coordenação do curso na área de Jornalismo, respondeu então no mesmo dia a Mascarenhas tentando pôr água na fervura, numa mensagem também enviada aos restantes professores. Cascais reconhecia o problema e preconizava o seu aperfeiçoamento: «Talvez haja formas de melhorar o sistema, com muito menos incómodo para os docentes.» Mas admitia essa necessidade, invocando a existência de «abusos» anteriores por parte do corpo docente: «Quando há abuso (e julgo tê-lo havido, os próprios alunos se terão queixado), o justo tende sempre a pagar pelo pecador. Os docentes têm um contrato que fixa um horário e obedece a um regulamento, e é legítimo que a universidade vele pela sua aplicação, devendo no entanto evitar que a suspeita de incumprimento paire sobre a cabeça de todos.»
Ao mesmo tempo, Cascais escrevia ao professor João Carlos Santos, coordenador da faculdade, exprimindo preocupação com o caso e falando de outros professores insatisfeitos: «Recebi, até agora, três mensagens de outros tantos docentes de disciplinas da vertente Jornalismo indignados com o sistema de registo de sumários e de presenças posto em vigor este ano. Nenhum põe em causa a legitimidade de a Universidade verificar o cumprimento do contrato, mas sentem-se incomodados com a forma de controlo adoptada. Admito que não prossigam a sua função docente.» O professor solicitava ainda que o sistema fosse repensado: «A situação preocupa-me, por isso a levo à sua consideração e ponderação, no sentido de se encontrar um sistema que, salvaguardando os interesses da Uni e dos seus alunos, não gere nos docentes o presente mal-estar.» De qualquer modo, Mascarenhas não se demoveu, e, no dia seguinte, confirmava aos colegas a sua demissão: «É costume dizer-se que, se deixarmos passar 24 horas sobre os acontecimentos, diminui a revolta. Comigo está a acontecer o contrário. Mesmo que a escola modifique o sistema de controlo com um enorme pedido de desculpas e um ramo de flores, não posso deixar de pensar que alguém responsável concebeu este sistema humilhante, o que me leva a deduzir a consideração em que tem os professores.» O professor admitia: «O dinheiro faz-me falta (faz sempre falta!), mas faz-me ainda mais falta a consideração e, em podendo ser, miminhos.» E terminava com um «Viva a Liberdade!»
Se havia outros docentes incomodados, a verdade é que o assunto ficou por aqui: a escola não alterou o sistema e hoje todos os professores parecem terem-se adaptado a ele sem problemas. A revolta da Mascarenhas ficou como acto individual. Contactado telefonicamente para comentar o assunto, o jornalista declinou, alegando estar muito ocupado.
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História da UnI
UMA ESCOLA QUE HABITA NUM PRÉMIO VALMOR
Por Ana Varela, Inês Malheiro e Marco Caretas
A UnI foi criada em 1993 pela SIDES, SA (Sociedade Independente para o Desenvolvimento do Ensino Superior). A fundação da UnI ficou associada a vários aspectos pioneiros no ensino superior privado em Portugal.
Dentro desses aspectos, segundo gostam de destacar os seus responsáveis, é de sublinhar a clara ênfase nas vertentes tecnológicas do conhecimento; a aposta na investigação e desenvolvimento; a instalação de laboratórios apropriados; uma biblioteca; criação de gabinetes de estudo para professores; uma política efectiva de recrutamento de docentes, visando, além da qualidade, a procura da dedicação exclusiva que permita a constituição de um corpo docente próprio.
A UnI iniciou as suas actividades na zona oriental de Lisboa, num edifício na Rua Fernando Palha. Mas, devido ao seu crescimento, em 1995 foi adquirido, para aí continuar a funcionar, o edifício dos antigos Laboratórios Pasteur, situado na Avenida Marechal Gomes da Costa, uma das principais vias de acesso ao Parque das Nações, também na zona oriental da capital e não muito longe das instalações originais. Não é um prédio qualquer: o Edifício Pasteur recebeu em 1958 o Prémio Valmor, o mais importante galardão de arquitectura da cidade de Lisboa. O projecto, de Carlos Ramos, considerado um dos pioneiros da arquitectura modernista em Portugal, foi o primeiro edifício com fins industriais a receber o Valmor. De simples formas geométricas, e com uma implantação subordinada à melhor orientação e liberta, portanto, do alinhamento da via (característica então muito rara), trata-se de um marco na evolução da arquitectura portuguesa do século XX, já que revela o lado funcionalista da arquitectura moderna mais directamente ligada às necessidades imediatas da produção fabril. Trata-se pois de um edifício de qualidade, que se situa entre as mais expressivas obras arquitectónicas representativas desse período.
Hoje, a UnI conta com 15 licenciaturas, todas com a aprovação do Ministério da Educação, divididas por quatro Faculdades; Faculdade de Arquitectura, Design e Artes Plásticas; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas; Faculdade de Ciências da Engenharia e Tecnologia e Faculdade de Direito.
Tem uma capacidade máxima de 5000 alunos, distribuídos por horários diurnos e nocturnos. É rodeada de espaços verdes e um parque de estacionamento privado, e composta, além do edifício principal, por outras construções (Gabinete de Psicologia, Estúdio de Televisão e Rádio, Associação Académica ).
A UnI foi criada para ser a primeira universidade privada portuguesa dedicada às Engenharias e Tecnologias, estatuto esse que atribuiu à instituição, em 1994, a categoria de Estabelecimento de Interesse Público.
CRONOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS
1993. Em 29 de Janeiro é formada a SIDES, SA. (Entidade instituidora da UnI); Em Outubro, a UnI inicia as actividades, no edifício da Rua Fernando Palha.
1994. A UnI é reconhecida como estabelecimento de interesse público pelo decreto-lei de 21 de Dezembro. É a primeira universidade privada em Portugal a funcionar no âmbito do estatuto do Ensino Superior Particular e Cooperativo.
1995. São aprovadas as licenciaturas ministradas na UnI.
1996. O departamento do Ensino Superior do Ministério da Educação confirma a adequação do imóvel às actividades da UnI.
1997. São aprovados os estatutos da UnI, publicados no Diário da República, II série, nº 79/97 de 4 de Abril. São aprovadas as novas licenciaturas de Psicologia e Arquitectura.
1998. São aprovadas as novas licenciaturas de Biotecnologia dos Produtos Naturais e de Matemáticas Aplicadas.
1999. A UnI propõe o financiamento directo dos estudantes pelo Estado, sob a forma de cheque ou voucher.
2000. A UnI é reconhecida como Academia Regional Cisco. É nomeado vice-reitor o prof. Rui Verde. A SIDES duplica o seu capital social, aumentando-o de 500 mil para um milhão de contos. O Grupo de Missão de Avaliação do Ensino Superior Particular e Cooperativo atribui à UnI a classificação de 6 valores (nota máxima).
2001. Em Abril, são eleitos os novos órgãos sociais da SIDES.
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Por Ana Varela, Inês Malheiro e Marco Caretas
A UnI foi criada em 1993 pela SIDES, SA (Sociedade Independente para o Desenvolvimento do Ensino Superior). A fundação da UnI ficou associada a vários aspectos pioneiros no ensino superior privado em Portugal.
Dentro desses aspectos, segundo gostam de destacar os seus responsáveis, é de sublinhar a clara ênfase nas vertentes tecnológicas do conhecimento; a aposta na investigação e desenvolvimento; a instalação de laboratórios apropriados; uma biblioteca; criação de gabinetes de estudo para professores; uma política efectiva de recrutamento de docentes, visando, além da qualidade, a procura da dedicação exclusiva que permita a constituição de um corpo docente próprio.
A UnI iniciou as suas actividades na zona oriental de Lisboa, num edifício na Rua Fernando Palha. Mas, devido ao seu crescimento, em 1995 foi adquirido, para aí continuar a funcionar, o edifício dos antigos Laboratórios Pasteur, situado na Avenida Marechal Gomes da Costa, uma das principais vias de acesso ao Parque das Nações, também na zona oriental da capital e não muito longe das instalações originais. Não é um prédio qualquer: o Edifício Pasteur recebeu em 1958 o Prémio Valmor, o mais importante galardão de arquitectura da cidade de Lisboa. O projecto, de Carlos Ramos, considerado um dos pioneiros da arquitectura modernista em Portugal, foi o primeiro edifício com fins industriais a receber o Valmor. De simples formas geométricas, e com uma implantação subordinada à melhor orientação e liberta, portanto, do alinhamento da via (característica então muito rara), trata-se de um marco na evolução da arquitectura portuguesa do século XX, já que revela o lado funcionalista da arquitectura moderna mais directamente ligada às necessidades imediatas da produção fabril. Trata-se pois de um edifício de qualidade, que se situa entre as mais expressivas obras arquitectónicas representativas desse período.
Hoje, a UnI conta com 15 licenciaturas, todas com a aprovação do Ministério da Educação, divididas por quatro Faculdades; Faculdade de Arquitectura, Design e Artes Plásticas; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas; Faculdade de Ciências da Engenharia e Tecnologia e Faculdade de Direito.
Tem uma capacidade máxima de 5000 alunos, distribuídos por horários diurnos e nocturnos. É rodeada de espaços verdes e um parque de estacionamento privado, e composta, além do edifício principal, por outras construções (Gabinete de Psicologia, Estúdio de Televisão e Rádio, Associação Académica ).
A UnI foi criada para ser a primeira universidade privada portuguesa dedicada às Engenharias e Tecnologias, estatuto esse que atribuiu à instituição, em 1994, a categoria de Estabelecimento de Interesse Público.
CRONOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS
1993. Em 29 de Janeiro é formada a SIDES, SA. (Entidade instituidora da UnI); Em Outubro, a UnI inicia as actividades, no edifício da Rua Fernando Palha.
1994. A UnI é reconhecida como estabelecimento de interesse público pelo decreto-lei de 21 de Dezembro. É a primeira universidade privada em Portugal a funcionar no âmbito do estatuto do Ensino Superior Particular e Cooperativo.
1995. São aprovadas as licenciaturas ministradas na UnI.
1996. O departamento do Ensino Superior do Ministério da Educação confirma a adequação do imóvel às actividades da UnI.
1997. São aprovados os estatutos da UnI, publicados no Diário da República, II série, nº 79/97 de 4 de Abril. São aprovadas as novas licenciaturas de Psicologia e Arquitectura.
1998. São aprovadas as novas licenciaturas de Biotecnologia dos Produtos Naturais e de Matemáticas Aplicadas.
1999. A UnI propõe o financiamento directo dos estudantes pelo Estado, sob a forma de cheque ou voucher.
2000. A UnI é reconhecida como Academia Regional Cisco. É nomeado vice-reitor o prof. Rui Verde. A SIDES duplica o seu capital social, aumentando-o de 500 mil para um milhão de contos. O Grupo de Missão de Avaliação do Ensino Superior Particular e Cooperativo atribui à UnI a classificação de 6 valores (nota máxima).
2001. Em Abril, são eleitos os novos órgãos sociais da SIDES.
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O falhanço de um projecto
Por Jorge Paulino
Foi a primeira fusão no ensino universitário privado, resultante do acordo entre a Universidade Independente (UNI) e o Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM), nascendo, desta forma, a terceira maior universidade privada portuguesa, traduzida num universo de cerca de 5.000 estudantes. Durou apenas oito meses.
Os primeiros passos do processo que conduziu à ligação entre as duas instituições foram dados pela UnI. Rui Verde, seu vice-reitor, começa por referir: «Já anteriormente, de forma, mais ou menos artesanal, tínhamos efectuado alguns contactos com a Moderna e a Internacional, que não resultaram. Precisávamos de uma forma profissional de abordagem». Assim, surge no projecto o BCP Investimentos, que, após efectuar um estudo de mercado, aponta o IPAM como parceiro ideal para as intenções da UNI.
Caetano Alves, presidente do concelho de administração da Ensigest, empresa gestora do IPAM, vai ser o rosto neste processo: «Na altura estávamos a estudar a possibilidade de fazer algumas operações no mercado do ensino superior, para crescermos mais rapidamente, dentro de um conjunto de parâmetros estabelecidos dentro da nossa estratégia». Estariam assim reunidas as condições para o avanço das negociações, até porque: «Fusões, concentrações ou parcerias serão inevitáveis», acrescenta o homem forte do IPAM. O passo seguinte foi moroso: «Houve um trabalho feito pelas administrações da Ensigest e da Sides [entidade responsável pela gestão da UnI] que durou perto de um ano, conduzindo a uma troca de acções entre as duas empresas gestoras, e traduzindo-se, na prática, na mudança dos nossoalunos para o edifício da UnI», explica Caetano Alves.
Tudo parecia bem encaminhado quando, em Janeiro de 2005, os alunos do IPAM e da UnI passaram a conviver nas instalações da Av. Marechal Gomes da Costa. Estava concretizada a primeira fusão de universidades no país, traduzida num conselho de administração único, liderado por Caetano Alves, apesar de «entre as universidades propriamente ditas, não ter havido fusão, pois a ideia era que o IPAM se tornasse numa das faculdades da UnI, conforme existem as de Humanidades, Artes, Direito e Tecnologias», especifica Rui Verde.
Por esta altura começaram os problemas, nomeadamente na área da reitoria, que no papel deveria ser única. E se ao nível dos rostos da mudança as coisas caminhavam cordialmente («eu e o dr. Caetano Alves sempre nos demos bastante bem»), a base do projecto, que deveria ser sólida, começou a desmoronar-se: «Ao nível das reitorias as coisas não funcionavam, muitas vezes só funcionavam entre mim e ele», acrescenta Verde. O ambiente foi-se degradando, e o fim da fusão rapidamente se tornou numa realidade: «Hoje, visto à distância, tudo teve a ver com a cultura organizacional», observa Caetano Alves, que, sem se deter, continua: «O IPAM é uma instituição muito pouco universitária, muito virada para o mercado, onde tudo o que se aprende e ensina, o seu objecto tem que ser muito evidente. A UnI tinha uma cultura mais universal de instituição de ensino, com associação de estudantes, com a necessidade de reflectir muito sobre as coisas, com as decisões a demorarem a ser tomadas. A dificuldade de relacionamento era estrutural, e a até talvez, organizacional».
A visão do lado da UnI não anda muito longe da anterior: «A fusão falhou por duas razões: primeiro devido a um choque de ideias e personalidades; e em segundo lugar por uma certa questão de cultura, o IPAM tinha uma cultura diferente da nossa, nem digo se era melhor ou pior, era diferente», explica o vice-reitor. Daí até ao fim, tudo foi rápido: «As coisas não se articulavam, ou mandavam uns ou mandavam outros; como não se chegou a acordo de quem mandava, desfez-se a fusão». A fusão, oficialmente, terminou no dia 1 de Setembro, oito meses depois do arranque.
Lambidas as feridas desta união falhada, as duas instituições têm ideias bem diferentes quanto ao seu futuro. Caetano Alves não descarta nova fusão, mas «neste caso fizemos apenas uma avaliação financeira, o que claramente não chega – além de financeiras, precisamos de fazer avaliações patrimoniais, fiscais, avaliar muito bem o projecto, os recursos e a liderança». E garante: «Não voltaremos a cometer os mesmos erros».
Opinião oposta tem a UnI: «Fusões nunca mais, só aquisições, se tivermos dinheiro e capacidade», defende Verde, acrescentando: «Foi trágico para nós tudo este processo, que criou uma instabilidade na universidade que ainda hoje não terminou».
Como em quase todos os processos produtivos, o relacionamento e organização dos recursos humanos é indispensável para o bom funcionamento de uma estrutura que se quer sólida, coesa e preparada para manter, de forma intransigente, o rumo traçado à partida.
Nada disto aconteceu na vida, curta, da fusão UnI/IPAM.
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Foi a primeira fusão no ensino universitário privado, resultante do acordo entre a Universidade Independente (UNI) e o Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM), nascendo, desta forma, a terceira maior universidade privada portuguesa, traduzida num universo de cerca de 5.000 estudantes. Durou apenas oito meses.
Os primeiros passos do processo que conduziu à ligação entre as duas instituições foram dados pela UnI. Rui Verde, seu vice-reitor, começa por referir: «Já anteriormente, de forma, mais ou menos artesanal, tínhamos efectuado alguns contactos com a Moderna e a Internacional, que não resultaram. Precisávamos de uma forma profissional de abordagem». Assim, surge no projecto o BCP Investimentos, que, após efectuar um estudo de mercado, aponta o IPAM como parceiro ideal para as intenções da UNI.
Caetano Alves, presidente do concelho de administração da Ensigest, empresa gestora do IPAM, vai ser o rosto neste processo: «Na altura estávamos a estudar a possibilidade de fazer algumas operações no mercado do ensino superior, para crescermos mais rapidamente, dentro de um conjunto de parâmetros estabelecidos dentro da nossa estratégia». Estariam assim reunidas as condições para o avanço das negociações, até porque: «Fusões, concentrações ou parcerias serão inevitáveis», acrescenta o homem forte do IPAM. O passo seguinte foi moroso: «Houve um trabalho feito pelas administrações da Ensigest e da Sides [entidade responsável pela gestão da UnI] que durou perto de um ano, conduzindo a uma troca de acções entre as duas empresas gestoras, e traduzindo-se, na prática, na mudança dos nossoalunos para o edifício da UnI», explica Caetano Alves.
Tudo parecia bem encaminhado quando, em Janeiro de 2005, os alunos do IPAM e da UnI passaram a conviver nas instalações da Av. Marechal Gomes da Costa. Estava concretizada a primeira fusão de universidades no país, traduzida num conselho de administração único, liderado por Caetano Alves, apesar de «entre as universidades propriamente ditas, não ter havido fusão, pois a ideia era que o IPAM se tornasse numa das faculdades da UnI, conforme existem as de Humanidades, Artes, Direito e Tecnologias», especifica Rui Verde.
Por esta altura começaram os problemas, nomeadamente na área da reitoria, que no papel deveria ser única. E se ao nível dos rostos da mudança as coisas caminhavam cordialmente («eu e o dr. Caetano Alves sempre nos demos bastante bem»), a base do projecto, que deveria ser sólida, começou a desmoronar-se: «Ao nível das reitorias as coisas não funcionavam, muitas vezes só funcionavam entre mim e ele», acrescenta Verde. O ambiente foi-se degradando, e o fim da fusão rapidamente se tornou numa realidade: «Hoje, visto à distância, tudo teve a ver com a cultura organizacional», observa Caetano Alves, que, sem se deter, continua: «O IPAM é uma instituição muito pouco universitária, muito virada para o mercado, onde tudo o que se aprende e ensina, o seu objecto tem que ser muito evidente. A UnI tinha uma cultura mais universal de instituição de ensino, com associação de estudantes, com a necessidade de reflectir muito sobre as coisas, com as decisões a demorarem a ser tomadas. A dificuldade de relacionamento era estrutural, e a até talvez, organizacional».
A visão do lado da UnI não anda muito longe da anterior: «A fusão falhou por duas razões: primeiro devido a um choque de ideias e personalidades; e em segundo lugar por uma certa questão de cultura, o IPAM tinha uma cultura diferente da nossa, nem digo se era melhor ou pior, era diferente», explica o vice-reitor. Daí até ao fim, tudo foi rápido: «As coisas não se articulavam, ou mandavam uns ou mandavam outros; como não se chegou a acordo de quem mandava, desfez-se a fusão». A fusão, oficialmente, terminou no dia 1 de Setembro, oito meses depois do arranque.
Lambidas as feridas desta união falhada, as duas instituições têm ideias bem diferentes quanto ao seu futuro. Caetano Alves não descarta nova fusão, mas «neste caso fizemos apenas uma avaliação financeira, o que claramente não chega – além de financeiras, precisamos de fazer avaliações patrimoniais, fiscais, avaliar muito bem o projecto, os recursos e a liderança». E garante: «Não voltaremos a cometer os mesmos erros».
Opinião oposta tem a UnI: «Fusões nunca mais, só aquisições, se tivermos dinheiro e capacidade», defende Verde, acrescentando: «Foi trágico para nós tudo este processo, que criou uma instabilidade na universidade que ainda hoje não terminou».
Como em quase todos os processos produtivos, o relacionamento e organização dos recursos humanos é indispensável para o bom funcionamento de uma estrutura que se quer sólida, coesa e preparada para manter, de forma intransigente, o rumo traçado à partida.
Nada disto aconteceu na vida, curta, da fusão UnI/IPAM.
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Na crista da onda
Por Carina Barbosa
A UnI tem uma faculdade obrigada a estar sempre na vanguarda do desenvolvimento tecnológico.
Trata-se da Faculdade de Ciências da Engenharia e Tecnologia (FCET), no último piso, sob a direcção de Fernando Carvalho Rodrigues (há anos conhecido pela opinião pública como o «pai do satélite português» - e era verdade, foi mesmo lançado um satélite por iniciativa de Portugal e sob a direcção deste cientista). Leccionam-se aí seis licenciaturas em Engenharia de acordo com os princípios do Processo de Bolonha.
O aluno João Gonçalves, no segundo ano de Engenharia Informática, diz ser um curso «acessível para as pessoas que estiveram dispostas a esforçarem-se para conseguirem concretizar os seus objectivos». O ensino por parte dos professores é «agradável, são claros a expor a matéria e quando existem dúvidas não têm qualquer problema em esclarecê-las». De resto, ainda segundo este estudante, o ensino da UnI na área da informática não varia muito em relação a outras universidades, e o grau de dificuldade «depende dos professores».
Tratando-se de uma área onde a evolução tecnológica é constante e imprevisível, torna-se complicado o equipamento ser sempre o último grito, «pois fica ultrapassado muito depressa» afirma o aprendiz de informática. «Mas, regra geral, o material serve o propósito do curso». No entanto, nesta faculdade existem 10 laboratórios para as mais diversas áreas de química, física, electrotecnia, mecânica e microbiologia, entre outras disciplinas, assim como cerca de 26 salas de aula. Numa sala de computadores com cerca de 20 máquinas, os alunos podem trabalhar e ter acesso gratuito à internet, além de poderem ter o seu próprio e-mail e até a sua página pessoal. As empresas Cisco, Msdn Academic Alliance, Oracle, Mitel e Sun Microsystems» têm parceria com a Independente.
Neste local formam-se futuros engenheiros em diversas áreas. Para João, «é bom haver cada vez mais engenheiros de várias universidades – quanto mais concorrência melhor». E isso não prejudicará as suas futuras hipóteses de carreira? Pelo menos continua a manter o seu sonho, que é ficar «bem colocado numa empresa boa», e, para isso, espera tudo desta universidade.
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A UnI tem uma faculdade obrigada a estar sempre na vanguarda do desenvolvimento tecnológico.
Trata-se da Faculdade de Ciências da Engenharia e Tecnologia (FCET), no último piso, sob a direcção de Fernando Carvalho Rodrigues (há anos conhecido pela opinião pública como o «pai do satélite português» - e era verdade, foi mesmo lançado um satélite por iniciativa de Portugal e sob a direcção deste cientista). Leccionam-se aí seis licenciaturas em Engenharia de acordo com os princípios do Processo de Bolonha.
O aluno João Gonçalves, no segundo ano de Engenharia Informática, diz ser um curso «acessível para as pessoas que estiveram dispostas a esforçarem-se para conseguirem concretizar os seus objectivos». O ensino por parte dos professores é «agradável, são claros a expor a matéria e quando existem dúvidas não têm qualquer problema em esclarecê-las». De resto, ainda segundo este estudante, o ensino da UnI na área da informática não varia muito em relação a outras universidades, e o grau de dificuldade «depende dos professores».
Tratando-se de uma área onde a evolução tecnológica é constante e imprevisível, torna-se complicado o equipamento ser sempre o último grito, «pois fica ultrapassado muito depressa» afirma o aprendiz de informática. «Mas, regra geral, o material serve o propósito do curso». No entanto, nesta faculdade existem 10 laboratórios para as mais diversas áreas de química, física, electrotecnia, mecânica e microbiologia, entre outras disciplinas, assim como cerca de 26 salas de aula. Numa sala de computadores com cerca de 20 máquinas, os alunos podem trabalhar e ter acesso gratuito à internet, além de poderem ter o seu próprio e-mail e até a sua página pessoal. As empresas Cisco, Msdn Academic Alliance, Oracle, Mitel e Sun Microsystems» têm parceria com a Independente.
Neste local formam-se futuros engenheiros em diversas áreas. Para João, «é bom haver cada vez mais engenheiros de várias universidades – quanto mais concorrência melhor». E isso não prejudicará as suas futuras hipóteses de carreira? Pelo menos continua a manter o seu sonho, que é ficar «bem colocado numa empresa boa», e, para isso, espera tudo desta universidade.
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Desporto na UnI
«INFELIZMENTE, A UNI NÃO NOS APOIA»
Por Patrícia Pessoa
Entrevista com Jerónimo Bento, responsável pelo Departamento de Desporto da Universidade Independente.
Pergunta: Há quanto tempo existe desporto na UnI?
Resposta: Desde que a Universidade abriu, ou seja, faz agora 13 anos.
P.: Por quem é que foi fundado o Desporto?
R.: O núcleo do Desporto foi fundado pela antiga associação de estudantes. Mas não temos nada na nossa base de dados, nem a nível informático nem escrito sobre isso, e como isto é uma nova associação…
P.: Que tipo de modalidades é existem na AAUnI?
R.: Neste momento temos várias actividades: basquetebol, futsal, voleibol (mas só feminino) e também atletismo, mas esta última ainda não está muito desenvolvida devido ao pouco interesse dos alunos. Também temos agora uma nova ideia, que é a natação, essencialmente para haver uma confraternização dos alunos.
P.: Nestas modalidades todas há equipa feminina, ou só no voleibol?
R.: A natação é mista, mas podemos ter o mesmo em todas as modalidades, porque somos um departamento sempre aberto a novas modalidades e novas ideias. Se houver um aluno que tenha uma ideia ou que pratique algum desporto que nós não tivermos, estamos receptivos. Por exemplo: na AEUnI nunca tivemos surf, mas ultimamente temos tido vários alunos que praticam essa modalidade, e por isso está no pensamento um torneio mais para o fim do semestre. Também estamos a pensar em fazer um núcleo de surf. É importante os próprios alunos terem as ideias e tratarem dos núcleos. Mas este ano tivemos inscrições em muitas modalidades, como o andebol, o voleibol, o basquetebol, o ténis e até futebol de 11, sendo que neste último estamos à espera de mais inscrições para formarmos uma equipa. Mas as que estão a funcionar a 100% as que já tinha referido.
P.: Existem ideias para novas modalidades?
R.: Pensamos vir a ter no futuro mais equipas no sector feminino, como o andebol, acho que seria interessante termos uma equipa de andebol feminino, mas é preciso vontade da parte das alunas. Nós podemos ter várias modalidades novas, mas estamos sempre dependentes dos alunos. Sem eles não há desporto.
P.: Em que tipo de torneios já participaram? Já ganharam prémios?
R.: Desde que o desporto existe na AEUnI já existiram alguns torneios. O nosso departamento atá já viu equipas da UnI a participarem na mais alta competição a nível universitário, por exemplo, os campeonatos feitos pela FADUL, que é a Federação do Desporto Universitário. Já tivemos participações das nossas equipas de futsal e futebol de 11, e até tivemos bons resultados. Neste caso, foi o meu antecessor no departamento que acompanhou mais esses feitos. Quanto a prémios, já ganhamos algumas taças em alguns anos. Eu até já participei numa equipa que participou num torneio patrocinado pelo núcleo de estudantes africanos da Universidade Autónoma de Lisboa, e conseguimos ganhar esse torneio. Ganhámos uma taça de participação, para além da taça de vencedores. E, também ainda na altura do meu antecessor, participámos nos torneios distritais da FADUL. Já ganhámos uma taça de 3º lugar.
P.: Como é alguém que se pode inscrever nas modalidades da UNI?
R.: É só haver vontade. Basta chegarem cá e inscreverem-se, preenchendo uma ficha de inscrição. Depois vamos averiguar quais são as modalidades que tiveram mais inscrições para podermos abrir os núcleos respectivos
P.: Que tipo de objectivos têm para o desporto?
R.: O nosso grande objectivo é termos todas as modalidades em que nos propomos a funcionar, e neste caso a funcionar ao mais alto nível universitário, nacional ou até mesmo internacional.
P.: Têm algum tipo de ajuda financeira?
R.: O grande investidor é mesmo a Associação. Nós é que patrocinamos as equipas. Mas também temos que agradecer à Junta de Freguesia de Marvila pelo apoio a nível das infra-estruturas, como os campos para as modalidades do basquetebol e do futsal, e até e equipamento. Mas a maior parte dos custos é suportada pela Associação.
P.: E a Universidade em si apoia-vos em alguma coisa?
R.: A nível do desporto, infelizmente, a Universidade não nos apoia, temos que suportar os custos sozinhos.
P.: Consegue ver alguma razão para a Universidade não vos apoiar?
R.: Prefiro não comentar sobre esse assunto.
Nota: Treinos de futsal – quartas-feiras, 14h00-16h00, na Cidade Universitária; sábados, 14h00-16h00, no Pavilhão da Bobadela.
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Por Patrícia Pessoa
Entrevista com Jerónimo Bento, responsável pelo Departamento de Desporto da Universidade Independente.
Pergunta: Há quanto tempo existe desporto na UnI?
Resposta: Desde que a Universidade abriu, ou seja, faz agora 13 anos.
P.: Por quem é que foi fundado o Desporto?
R.: O núcleo do Desporto foi fundado pela antiga associação de estudantes. Mas não temos nada na nossa base de dados, nem a nível informático nem escrito sobre isso, e como isto é uma nova associação…
P.: Que tipo de modalidades é existem na AAUnI?
R.: Neste momento temos várias actividades: basquetebol, futsal, voleibol (mas só feminino) e também atletismo, mas esta última ainda não está muito desenvolvida devido ao pouco interesse dos alunos. Também temos agora uma nova ideia, que é a natação, essencialmente para haver uma confraternização dos alunos.
P.: Nestas modalidades todas há equipa feminina, ou só no voleibol?
R.: A natação é mista, mas podemos ter o mesmo em todas as modalidades, porque somos um departamento sempre aberto a novas modalidades e novas ideias. Se houver um aluno que tenha uma ideia ou que pratique algum desporto que nós não tivermos, estamos receptivos. Por exemplo: na AEUnI nunca tivemos surf, mas ultimamente temos tido vários alunos que praticam essa modalidade, e por isso está no pensamento um torneio mais para o fim do semestre. Também estamos a pensar em fazer um núcleo de surf. É importante os próprios alunos terem as ideias e tratarem dos núcleos. Mas este ano tivemos inscrições em muitas modalidades, como o andebol, o voleibol, o basquetebol, o ténis e até futebol de 11, sendo que neste último estamos à espera de mais inscrições para formarmos uma equipa. Mas as que estão a funcionar a 100% as que já tinha referido.
P.: Existem ideias para novas modalidades?
R.: Pensamos vir a ter no futuro mais equipas no sector feminino, como o andebol, acho que seria interessante termos uma equipa de andebol feminino, mas é preciso vontade da parte das alunas. Nós podemos ter várias modalidades novas, mas estamos sempre dependentes dos alunos. Sem eles não há desporto.
P.: Em que tipo de torneios já participaram? Já ganharam prémios?
R.: Desde que o desporto existe na AEUnI já existiram alguns torneios. O nosso departamento atá já viu equipas da UnI a participarem na mais alta competição a nível universitário, por exemplo, os campeonatos feitos pela FADUL, que é a Federação do Desporto Universitário. Já tivemos participações das nossas equipas de futsal e futebol de 11, e até tivemos bons resultados. Neste caso, foi o meu antecessor no departamento que acompanhou mais esses feitos. Quanto a prémios, já ganhamos algumas taças em alguns anos. Eu até já participei numa equipa que participou num torneio patrocinado pelo núcleo de estudantes africanos da Universidade Autónoma de Lisboa, e conseguimos ganhar esse torneio. Ganhámos uma taça de participação, para além da taça de vencedores. E, também ainda na altura do meu antecessor, participámos nos torneios distritais da FADUL. Já ganhámos uma taça de 3º lugar.
P.: Como é alguém que se pode inscrever nas modalidades da UNI?
R.: É só haver vontade. Basta chegarem cá e inscreverem-se, preenchendo uma ficha de inscrição. Depois vamos averiguar quais são as modalidades que tiveram mais inscrições para podermos abrir os núcleos respectivos
P.: Que tipo de objectivos têm para o desporto?
R.: O nosso grande objectivo é termos todas as modalidades em que nos propomos a funcionar, e neste caso a funcionar ao mais alto nível universitário, nacional ou até mesmo internacional.
P.: Têm algum tipo de ajuda financeira?
R.: O grande investidor é mesmo a Associação. Nós é que patrocinamos as equipas. Mas também temos que agradecer à Junta de Freguesia de Marvila pelo apoio a nível das infra-estruturas, como os campos para as modalidades do basquetebol e do futsal, e até e equipamento. Mas a maior parte dos custos é suportada pela Associação.
P.: E a Universidade em si apoia-vos em alguma coisa?
R.: A nível do desporto, infelizmente, a Universidade não nos apoia, temos que suportar os custos sozinhos.
P.: Consegue ver alguma razão para a Universidade não vos apoiar?
R.: Prefiro não comentar sobre esse assunto.
Nota: Treinos de futsal – quartas-feiras, 14h00-16h00, na Cidade Universitária; sábados, 14h00-16h00, no Pavilhão da Bobadela.
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Praxes softcore
Por Elisângela Garcia
As provas duríssimas (e eventualmente chocantes) a que a opinião pública está habituada a associar as praxes académicas foram coisas de que os caloiros da UnI se safaram na recepção do ano lectivo de 2006/2007. Em vez disso, tiveram uma semana animada com jogos, músicas e, claro, alguns copos. O fim culminou com um jantar e com a eleição da Miss e do Mister Caloiro da UnI 2006/2007. Os vencedores foram à megafesta do caloiro, no Parque das Nações, tentar mostrar que são os melhores e mais bonitos da Lisboa.
Fomos à procura de testemunhos de alunos do 1º ano, vividos na primeira pessoa, sobre as praxes académicas na UnI.
João gostou de assistir às praxes... dos outros:
Pergunta: Como é que foi a semana da praxe?
Resposta: Foi boa, digamos, positiva.
P.: Quer dizer que foste praxado e gostaste?
R.: Gostei das actividades mas não fui praxado.Queriam, mas não aceitei.
P.: Que achas desta tradição?
R.: Acho uma tradição linda, embora tenha vindo a degradar-se em relação a alguns anos atrás, mas em compensação as brincadeiras são menos pesadas.
Filipe não se importou de ser praxado:
P.: Participaste na semana da praxe?
R.: Sim. Gostei muito das actividades e do ambiente. Os veteranos foram excelentes, simpáticos na recepção aos caloiros, por isso logo no primeiro dia senti-me em casa.
P.: Participaste então em todas as brincadeiras? De qual mais gostaste?
R.: Gostei de todas, mas o que mais me cativou foi ter participado no concurso para a eleição de Mister Caloiro, no qual fui eleito Mister Simpatia. Foi chato muita gente não ter aderido.
P.: Que achaste das praxes da UnI?
R.: Tendo em conta que nunca frequentei outra universidade, não posso fazer uma comparação, mas o que vivi foi sem dúvida extraordinário, foi uma experiência diferente.
Cândida, devido a uma experiência vivida noutra universidade, não quis participar nas praxes:
P.: Como é que correu a semana das praxes?
R.: Com tranquilidade, falaram comigo sobre as praxes mas resolvi não participar.
P.: Qual foi o motivo da recusa?
R.: Porque já fui praxada na faculdade que frequentava o ano passado, e não gostei. Por isso seria um erro participar.
P.: Que pensas das praxes?
R.: Se a finalidade é integrar as pessoas na faculdade, devo dizer que as «brincadeiras» que são feitas em nada integram os alunos. Muito pelo contrário, são brincadeiras abusivas e desnecessárias.
Ana Margarida não participou nas praxes porque acha que já não tem idade para isso:
P.: Participaste na semana das praxes?
R.: Estive na semana da praxe mas não participei nas actividades.
P.: Não aceitaste ser praxada?
R.: Eu, praxada? Não! Já passei da idade. Não tenho 18 anos, tenho 31. Por isso essas brincadeiras já não são para mim.
P.: Para ti a idade é fundamental nas praxes? Não reparaste num senhor que aparenta ter 50 anos e aceitou participar? Que pensas disso?
R.: Por acaso vi o senhor. Cada um sabe o que faz, prefiro não comentar.
P.: Que aconteceu na tua primeira experiência de praxe para não quereres participar?
R.: As brincadeiras eram abusivas, uma humilhação completa. Passei por coisas horríveis, e o que fizeram comigo nunca vou esquecer.
P.: Deixou marcas profundas a ponto de não quereres repetir a experiência?
R.: Sim, deixou. Pelo que observei aqui, as brincadeiras são bem diferentes do que vivi anteriormente. A UnI tem apostado numa forma bem diferente, mais leve, digamos assim, de fazer as praxes. Não há humilhações nem castigos pesados, e os participantes, ao contrário de mim, de certeza que vão querer repetir a experiência.
P.: Então, na tua opinião, a UnI é um modelo a seguir no que diz respeito às praxes académicas?
R.: Sem dúvida que é. Se fosse assim em todas as outras universidades nunca haveria queixas nem situações de desagrado.
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As provas duríssimas (e eventualmente chocantes) a que a opinião pública está habituada a associar as praxes académicas foram coisas de que os caloiros da UnI se safaram na recepção do ano lectivo de 2006/2007. Em vez disso, tiveram uma semana animada com jogos, músicas e, claro, alguns copos. O fim culminou com um jantar e com a eleição da Miss e do Mister Caloiro da UnI 2006/2007. Os vencedores foram à megafesta do caloiro, no Parque das Nações, tentar mostrar que são os melhores e mais bonitos da Lisboa.
Fomos à procura de testemunhos de alunos do 1º ano, vividos na primeira pessoa, sobre as praxes académicas na UnI.
João gostou de assistir às praxes... dos outros:
Pergunta: Como é que foi a semana da praxe?
Resposta: Foi boa, digamos, positiva.
P.: Quer dizer que foste praxado e gostaste?
R.: Gostei das actividades mas não fui praxado.Queriam, mas não aceitei.
P.: Que achas desta tradição?
R.: Acho uma tradição linda, embora tenha vindo a degradar-se em relação a alguns anos atrás, mas em compensação as brincadeiras são menos pesadas.
Filipe não se importou de ser praxado:
P.: Participaste na semana da praxe?
R.: Sim. Gostei muito das actividades e do ambiente. Os veteranos foram excelentes, simpáticos na recepção aos caloiros, por isso logo no primeiro dia senti-me em casa.
P.: Participaste então em todas as brincadeiras? De qual mais gostaste?
R.: Gostei de todas, mas o que mais me cativou foi ter participado no concurso para a eleição de Mister Caloiro, no qual fui eleito Mister Simpatia. Foi chato muita gente não ter aderido.
P.: Que achaste das praxes da UnI?
R.: Tendo em conta que nunca frequentei outra universidade, não posso fazer uma comparação, mas o que vivi foi sem dúvida extraordinário, foi uma experiência diferente.
Cândida, devido a uma experiência vivida noutra universidade, não quis participar nas praxes:
P.: Como é que correu a semana das praxes?
R.: Com tranquilidade, falaram comigo sobre as praxes mas resolvi não participar.
P.: Qual foi o motivo da recusa?
R.: Porque já fui praxada na faculdade que frequentava o ano passado, e não gostei. Por isso seria um erro participar.
P.: Que pensas das praxes?
R.: Se a finalidade é integrar as pessoas na faculdade, devo dizer que as «brincadeiras» que são feitas em nada integram os alunos. Muito pelo contrário, são brincadeiras abusivas e desnecessárias.
Ana Margarida não participou nas praxes porque acha que já não tem idade para isso:
P.: Participaste na semana das praxes?
R.: Estive na semana da praxe mas não participei nas actividades.
P.: Não aceitaste ser praxada?
R.: Eu, praxada? Não! Já passei da idade. Não tenho 18 anos, tenho 31. Por isso essas brincadeiras já não são para mim.
P.: Para ti a idade é fundamental nas praxes? Não reparaste num senhor que aparenta ter 50 anos e aceitou participar? Que pensas disso?
R.: Por acaso vi o senhor. Cada um sabe o que faz, prefiro não comentar.
P.: Que aconteceu na tua primeira experiência de praxe para não quereres participar?
R.: As brincadeiras eram abusivas, uma humilhação completa. Passei por coisas horríveis, e o que fizeram comigo nunca vou esquecer.
P.: Deixou marcas profundas a ponto de não quereres repetir a experiência?
R.: Sim, deixou. Pelo que observei aqui, as brincadeiras são bem diferentes do que vivi anteriormente. A UnI tem apostado numa forma bem diferente, mais leve, digamos assim, de fazer as praxes. Não há humilhações nem castigos pesados, e os participantes, ao contrário de mim, de certeza que vão querer repetir a experiência.
P.: Então, na tua opinião, a UnI é um modelo a seguir no que diz respeito às praxes académicas?
R.: Sem dúvida que é. Se fosse assim em todas as outras universidades nunca haveria queixas nem situações de desagrado.
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O bar da UnI
Por Rodolfo Reis
Luís Filipe Valverde, 27 anos, trabalha no bar da UnI e explica-nos em entrevista como é o seu dia a dia, conjugando estudos com vida profissional.
Pergunta: Há quanto tempo trabalha no bar da UnI?
Resposta: Estou cá desde 1999, salvo erro. Já são uns bons anos.
P.: Por que escolheu este trabalho?
R.: Primeiro que tudo, é o meu pai que está a explorar o espaço. Assim, trabalho junto dele.
P.: Então o seu pai trabalha aqui consigo?
R.: Trabalha. Costuma estar aqui à noite. Faço até às 18h00 o ‘”papel”’ dele e ele faz a sua parte das 17h00 às 22h00 horas, a hora de fecho.
P.: E quando trabalha que tarefa desempenha?
R.: Eu faço de tudo no bar. O meu trabalho também depende muito da predisposição do cliente: torna-se fácil se ele for acessível, porque há sempre pessoas que aparecem com os seus problemas e nem dão oportunidade de por vezes fazermos um bom atendimento.
P.: Sei que começou a estudar na UnI este ano. Que curso escolheu e porquê?
R.: Gestão de Empresas. O porquê tem um pouco a ver com o facto de o meu pai gerir o bar. Mas os meus interesses vão além da gestão de empresas, até porque não gosto de estar parado. Gosto muito de cultura, música, teatro, coisas que juntamente com o meu curso me abrem várias possibilidades.
P.: De quanto em quanto tempo é feita a renovação do stock?
R.: A renovação é feita semanalmente, e depende também do aumento ou diminuição dos produtos. Por exemplo, se chegar ao fim da semana e já existir pouca quantidade de determinada marca de sumos, já sei que vai ter de se pedir uma quantidade maior para a semana seguinte.
P.: Existe alguma forma para a selecção das ementas diárias?
R.: Sim. Nós aqui no bar já sabemos até quantos gramas devem ir num prato de meia dose ou dose inteira. Existe um responsável de dia e outro de noite que coordena, lidera e organiza a forma como as refeições são preparadas, para podermos servir bem os clientes.
P.: Em relação ao serviço disponibilizado pelo bar, é a seu ver suficiente, ou tem que melhorar?
R.: A tendência é sempre para melhorar, e creio que é o cliente que nos faz melhorar. Por vezes, olhamos para o cliente e vemos se ele sai satisfeito ou não.
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Luís Filipe Valverde, 27 anos, trabalha no bar da UnI e explica-nos em entrevista como é o seu dia a dia, conjugando estudos com vida profissional.
Pergunta: Há quanto tempo trabalha no bar da UnI?
Resposta: Estou cá desde 1999, salvo erro. Já são uns bons anos.
P.: Por que escolheu este trabalho?
R.: Primeiro que tudo, é o meu pai que está a explorar o espaço. Assim, trabalho junto dele.
P.: Então o seu pai trabalha aqui consigo?
R.: Trabalha. Costuma estar aqui à noite. Faço até às 18h00 o ‘”papel”’ dele e ele faz a sua parte das 17h00 às 22h00 horas, a hora de fecho.
P.: E quando trabalha que tarefa desempenha?
R.: Eu faço de tudo no bar. O meu trabalho também depende muito da predisposição do cliente: torna-se fácil se ele for acessível, porque há sempre pessoas que aparecem com os seus problemas e nem dão oportunidade de por vezes fazermos um bom atendimento.
P.: Sei que começou a estudar na UnI este ano. Que curso escolheu e porquê?
R.: Gestão de Empresas. O porquê tem um pouco a ver com o facto de o meu pai gerir o bar. Mas os meus interesses vão além da gestão de empresas, até porque não gosto de estar parado. Gosto muito de cultura, música, teatro, coisas que juntamente com o meu curso me abrem várias possibilidades.
P.: De quanto em quanto tempo é feita a renovação do stock?
R.: A renovação é feita semanalmente, e depende também do aumento ou diminuição dos produtos. Por exemplo, se chegar ao fim da semana e já existir pouca quantidade de determinada marca de sumos, já sei que vai ter de se pedir uma quantidade maior para a semana seguinte.
P.: Existe alguma forma para a selecção das ementas diárias?
R.: Sim. Nós aqui no bar já sabemos até quantos gramas devem ir num prato de meia dose ou dose inteira. Existe um responsável de dia e outro de noite que coordena, lidera e organiza a forma como as refeições são preparadas, para podermos servir bem os clientes.
P.: Em relação ao serviço disponibilizado pelo bar, é a seu ver suficiente, ou tem que melhorar?
R.: A tendência é sempre para melhorar, e creio que é o cliente que nos faz melhorar. Por vezes, olhamos para o cliente e vemos se ele sai satisfeito ou não.
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