Por Andreia de Sousa, Cenira Tavares e Rui Neves
«O reitor já me chama presidente vitalício», diz o presidente da actual direcção da Associação Académica da UnI (AAUnI), que já vai com nove anos de mandato. Hermínio Brioso, 41 anos, licenciado em Direito, actualmente aluno do Mestrado de Ciências Jurídico-Comunitárias e assistente de algumas cadeiras na UnI, vê o seu sonho alcançado e diz que já há muitos anos se sente com vontade de abandonar a Associação, mas que só não o faz para não deixar morrer o projecto. Queixa-se de há anos não haver novos candidatos a presidente, assim como novos colaboradores. Talvez porque a maior parte dos alunos da UnI são trabalhadores-estudantes, e como tal não têm tempo para participar nas actividades culturais e desportivas das quais a Associação é promotora.
O objectivo do presidente quando começou, em 1998, «era termos Associação». Quando chegou à universidade já existia o prédio da AAUnI, mas «com péssimas condições», e «estava sempre fechado». A própria UnI não era o que é hoje. Não tinha condições mínimas em relação às outras universidades. O trabalho inicial foi pressionar a Reitoria a fazer as devidas remodelações, tendo-se realizado «grandes investimentos».
Depois de legalizada, a AAUnI candidatou-se a subsídios para o desenvolvimento de projectos. Actualmente, 20 a 30% dos recursos humanos e financeiros são para questões burocráticas. As associações sem fins lucrativos são encaradas como empresas: perde-se tempo e dinheiro só com questões processuais, impedindo a organização de poder desenvolver mais actividades.
Todas as estruturas (núcleos) da AAUnI têm de informar quais as verbas de que necessitam, e isso depois é negociado de acordo com as receitas previstas, para ser elaborado o Plano de Actividades e o Orçamento. A associação só presta declarações aos seus patrocinadores, aos membros da Assembleia Geral e às finanças.
Não há salários na AAUnI, só prestação de serviços para os colaboradores no âmbito do «Plano Brioso», que consiste num programa de voluntariado onde são admitidos até dez alunos com dificuldades económicas, que podem participar em qualquer actividade da UnI ou da AAUnI, fazendo 100 horas mensais ou cinco horas semanais e ficando com a propina mensal paga.
Para se obter acesso a um financiamento, é apresentado ao Instituto Português da Juventude um formulário específico para cada actividade: desporto, Canal Académico Independente (televisão interna da AAUnI) ou um programa de intercâmbio com estudantes romenos. Com a Junta de Freguesia de Marvila existem situações pontuais: é pedido apoio monetário para determinada actividade em troca de algo que possa interessar à autarquia. São feitos inquéritos à população e desenvolvidos projectos de interesse social na comunidade envolvente, como a série de colóquios «Diálogos sem Tabus» ou um programa de intercâmbio com todas as escolas secundárias da freguesia e que conta com o apoio de associações como a Abraço e os Alcoólicos Anónimos, com as quais existem protocolos. Uma das contrapartidas consiste em os finalistas obterem estágios profissionais nestas instituições. Ainda prevista no protocolo com a Junta, está a oferta pela AAUnI à população de duas bolsas de estudo, equivalentes a 50% do valor da inscrição para as acções de formação que nela decorrem. Os novos projectos da AAUnI, passam pelo Canal Académico Independente, lançado há pouco tempo, onde foi feito um investimento em plasmas e máquinas de filmar, e que neste momento está paralisado, devido à perda de entusiasmo por parte dos colegas que nele participavam. Isto talvez devido ao facto de o processo de Bolonha estar a exigir mais dos alunos e todos os tempos livres serem dedicados à realização de trabalhos para as cadeiras.
Outro projecto a realizar é o «Campo de Férias – Universidade de Verão», estando em curso um diálogo entre a AAUnI e a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo no sentido de se obter um terreno para nele se desenvolverem algumas actividades práticas, no seguimento das teóricas realizadas na UnI. Depois, figura a publicação das teses dos nossos colegas finalistas, que levam o nome da UnI para o exterior. Ainda no âmbito dos projectos, a AAUnI continua a proporcionar diversas viagens aos alunos interessados (desde que sejam associados).
O lucro obtido em algumas das actividades serve para financiá-las parcialmente. Também se fazem protocolos com empresas ligadas ao turismo; estas, em contrapartida, obtêm mais clientes e mais rendibilidade.
Será que Hermínio vai continuar à frente dos destinos da AAUnI por mais dois anos? Estão previstas eleições em Maio. Será que os alunos da UnI estão interessados e motivados em participar na vida académica da universidade?
Estaremos todos cá para ver.
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