quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Praxes softcore

Um caloiro bem identificado Por Elisângela Garcia

As provas duríssimas (e eventualmente chocantes) a que a opinião pública está habituada a associar as praxes académicas foram coisas de que os caloiros da UnI se safaram na recepção do ano lectivo de 2006/2007. Em vez disso, tiveram uma semana animada com jogos, músicas e, claro, alguns copos. O fim culminou com um jantar e com a eleição da Miss e do Mister Caloiro da UnI 2006/2007. Os vencedores foram à megafesta do caloiro, no Parque das Nações, tentar mostrar que são os melhores e mais bonitos da Lisboa.

Fomos à procura de testemunhos de alunos do 1º ano, vividos na primeira pessoa, sobre as praxes académicas na UnI.
João gostou de assistir às praxes... dos outros:

Pergunta: Como é que foi a semana da praxe?
Resposta: Foi boa, digamos, positiva.

P.: Quer dizer que foste praxado e gostaste?
R.: Gostei das actividades mas não fui praxado.Queriam, mas não aceitei.

P.: Que achas desta tradição?
R.: Acho uma tradição linda, embora tenha vindo a degradar-se em relação a alguns anos atrás, mas em compensação as brincadeiras são menos pesadas.

Filipe não se importou de ser praxado:

P.: Participaste na semana da praxe?
R.: Sim. Gostei muito das actividades e do ambiente. Os veteranos foram excelentes, simpáticos na recepção aos caloiros, por isso logo no primeiro dia senti-me em casa.

P.: Participaste então em todas as brincadeiras? De qual mais gostaste?
R.: Gostei de todas, mas o que mais me cativou foi ter participado no concurso para a eleição de Mister Caloiro, no qual fui eleito Mister Simpatia. Foi chato muita gente não ter aderido.

P.: Que achaste das praxes da UnI?
R.: Tendo em conta que nunca frequentei outra universidade, não posso fazer uma comparação, mas o que vivi foi sem dúvida extraordinário, foi uma experiência diferente.Uma forma diferente de castigo para um caloiro

Cândida, devido a uma experiência vivida noutra universidade, não quis participar nas praxes:

P.: Como é que correu a semana das praxes?
R.: Com tranquilidade, falaram comigo sobre as praxes mas resolvi não participar.

P.: Qual foi o motivo da recusa?
R.: Porque já fui praxada na faculdade que frequentava o ano passado, e não gostei. Por isso seria um erro participar.

P.: Que pensas das praxes?
R.: Se a finalidade é integrar as pessoas na faculdade, devo dizer que as «brincadeiras» que são feitas em nada integram os alunos. Muito pelo contrário, são brincadeiras abusivas e desnecessárias.

Ana Margarida não participou nas praxes porque acha que já não tem idade para isso:

P.: Participaste na semana das praxes?
R.: Estive na semana da praxe mas não participei nas actividades.

P.: Não aceitaste ser praxada?
R.: Eu, praxada? Não! Já passei da idade. Não tenho 18 anos, tenho 31. Por isso essas brincadeiras já não são para mim.

P.: Para ti a idade é fundamental nas praxes? Não reparaste num senhor que aparenta ter 50 anos e aceitou participar? Que pensas disso?
R.: Por acaso vi o senhor. Cada um sabe o que faz, prefiro não comentar.

P.: Que aconteceu na tua primeira experiência de praxe para não quereres participar?
R.: As brincadeiras eram abusivas, uma humilhação completa. Passei por coisas horríveis, e o que fizeram comigo nunca vou esquecer.

P.: Deixou marcas profundas a ponto de não quereres repetir a experiência?
R.: Sim, deixou. Pelo que observei aqui, as brincadeiras são bem diferentes do que vivi anteriormente. A UnI tem apostado numa forma bem diferente, mais leve, digamos assim, de fazer as praxes. Não há humilhações nem castigos pesados, e os participantes, ao contrário de mim, de certeza que vão querer repetir a experiência.

P.: Então, na tua opinião, a UnI é um modelo a seguir no que diz respeito às praxes académicas?
R.: Sem dúvida que é. Se fosse assim em todas as outras universidades nunca haveria queixas nem situações de desagrado.

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